PAULO CESAR - Novo risco aos pisos da Saúde e Educação?
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Novo risco aos pisos da Saúde e Educação?• Arcabouço fiscal espreme piso da Saúde novamente • Planos de saúde devem restringir procedimentos a lista da ANS? • Pesquisas sobre a covid longa no Brasil • Cuidadores de pessoas com demência • Cinco novos aceleradores lineares no SUS O arcabouço fiscal mostra-se novamente um mecanismo de asfixia do Estado. Projeções do governo indicam que, já em 2027, não haverá verba para cumprir pisos mínimos de Saúde e Educação, mesmo com sobras orçamentárias. Com a reinclusão dos precatórios no teto de gastos, restará um espaço de apenas R$ 122,2 bilhões para despesas discricionárias. Mas, destes, R$ 56,5 bilhões serão abocanhados por emendas parlamentares – restando apenas R$ 65,7 bilhões, insuficientes para cumprir os pisos, estimados em R$ 76,6 bilhões. A equipe do ministro da Fazenda Fernando Haddad revelou os números e diz buscar saídas. Tentará novamente ameaçar os pisos constitucionais da Saúde e Educação? Não parece ser a primeira saída, pelo menos a julgar pela fala do ministro em coletiva no Rio de Janeiro: “[O governo Bolsonaro] quase dobrou o valor dos precatórios. Para um país que está precisando fazer um ajuste nas contas, é um desafio grande. São coisas novas, não existiam no passado recente. O volume de precatórios, o volume de emendas. Tem muitas coisas que precisam ser conversadas”. Operadoras voltam a questionar rol exemplificativo da ANSO Supremo Tribunal Federal (STF) iniciou, no dia 10 de abril, a análise da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) contra a lei do rol exemplificativo – que obriga planos de saúde a garantir tratamentos além dos que estão na lista da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Para isso, o STF ouviu cerca de 14 entidades, admitidas no processo como partes interessadas, dentre elas operadoras de planos de saúde. Essas alegam que a lei traz desequilíbrio econômico, falando-se até em quebra dos planos de saúde. Acontece que o resultado das operadoras em 2024, divulgado pela ANS, foi um dos argumentos mais utilizados por aqueles que defendem a manutenção do rol exemplificativo. Dados apontam para um lucro líquido de R$11,1 bilhões entre operadoras médico-hospitalares e odontológicas. Ou seja, as alegações e previsões relacionadas a um possível desequilíbrio econômico com o rol exemplificativo sequer se concretizaram. Como pontua o advogado da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), Carlos Eduardo Caputo Bastos, o lucro das operadoras de saúde não está em discussão no julgamento; entretanto, se estivesse, ele seria usado na defesa da continuidade do rol exemplificativo. Desdobramentos da covid longa no BrasilUma pesquisa de opinião pública conduzida pelo Centro de Estudos Sociedade, Universidade e Ciência (SoU_Ciência), da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), revelou que 40,6% dos 1.295 entrevistados relataram ter contraído covid-19 entre 2020 e 2023. Desses, 33,4% continuaram apresentando sintomas por, pelo menos, três meses após a infecção. Publicado na revista Ciência & Saúde Coletiva, a pesquisa identificou que mulheres, pessoas sedentárias e não vacinadas tiveram maior prevalência de sintomas persistentes, o que reforça a necessidade de políticas de saúde voltadas a esses grupos. Esses achados corroboram com resultados de outras pesquisas internacionais. Além disso, o estudo brasileiro destaca que as sequelas mais persistentes da covid-19 incluem distúrbios cardiovasculares, neurológicos, de saúde mental, metabólicos e pulmonares. Para os pesquisadores do SoU_Ciência, o apoio das autoridades de saúde para indivíduos que passaram por reinfecções da doença é fundamental e deve ser visto como prioridade. A fim de compreender os desdobramentos da covid longa no Brasil e entendendo que isso exige, mais do que estudo clínicos, um resgate histórico, o Centro criou o Acervo da Pandemia de Covid-19 – plataforma digital que sistematiza e disponibiliza registros sobre a condução da pandemia no Brasil, com base em critérios científicos, curadoria coletiva e participação social. Os desafios do cuidado com pessoas com AlzheimerUm relatório realizado pela Unifesp em conjunto com o Ministério da Saúde indica que 8,5% da população brasileira com 60 anos ou mais vive com algum quadro demencial – o Alzheimer é a causa mais comum de demência no mundo. De acordo com o IBGE, 85% do trabalho do cuidado da pessoa com Alzheimer no Brasil é feito por mulheres. Além da sobrecarga dessas cuidadoras, cuja profissão foi regulamentada somente em 2024, há relatos de sentimentos recorrentes de cansaço, raiva e um desejo de viver a própria vida. Estudos apontam para gravidade do “burnout do cuidador” – ligada ao desgaste emocional e estresse causados pelo trabalho. Além das cuidadoras e cuidadores, a família de pessoas com Alzheimer também sofre com o processo, sobretudo as da periferia. A vida, o trabalho, a rotina devem ser adaptados à nova realidade. A Periferia em Movimento entrevistou algumas mulheres periféricas que vivem essa situação, dentre elas a diarista Neucy, que, com a confirmação da doença da mãe, foi morar no mesmo terreno que ela e, não podendo arcar com cuidadores, acabou responsável pelos principais cuidados. Sobre isso, a assistente social Andreia Conceição Siqueira diz: “o envelhecimento é bom porque as pessoas vivem mais, mas na periferia nem sempre isso significa viver com qualidade de vida”. Novos equipamentos para tratamento de câncer no SUSO SUS acaba de adquirir cinco aceleradores lineares e dois aparelhos de braquiterapia – equipamentos necessários para a realização de radioterapia no tratamento contra o câncer. Segundo informações do Ministério da Saúde, eles irão para os estados do Rio de Janeiro, Pernambuco, Mato Grosso, Paraná, São Paulo, Amapá e Bahia. “Nossa expectativa é ampliar a cobertura e reduzir o tempo de espera para o tratamento oncológico no SUS. Isso significa salvar mais vidas. Esses equipamentos modernos vão permitir mais atendimentos, em menos tempo, funcionando inclusive em três turnos em algumas unidades”, afirmou o ministro Alexandre Padilha. A aquisição foi feita por meio do Plano de Expansão da Radioterapia (PER-SUS), que, com recursos do Novo PAC, vem permitindo maior acesso ao tratamento de câncer nos hospitais públicos, desde 2023. Padilha afirma querer transformar o SUS na maior rede pública gratuita de tratamento do câncer do mundo. Até o final do ano, outros 35 novos aceleradores deverão ser entregues, e está sendo feito investimento também no treinamento de profissionais, entre médicos, enfermeiros e físico-médicos. | A A |
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